terça-feira, 13 de dezembro de 2011

MEUS TEXTOS E REFLEXÕES


AMOR QUE CONSOLA

O lar de Abraão está de luto
Sara já não está presente enchendo a casa de vida
Seu corpo jaz na caverna do campo Macpela, na terra de Canaã
Agora Abraão e Isaque, pai e filho, choram pesarosos a perda
O coração do velho Abraão se apega mais ao jovem Isaque
Principalmente agora que parece ver Sara no rosto do filho
Isaque percebe isto
Achega-se mais ao coração do velho pai
Amizade antiga, solidificada na terra de Moriá.
“Deus proverá”, Isaque sabe muito bem o que isto significa

Mas Abraão, homem de Deus, obediente, confiante
De profundas e graves experiências com Deus,
Olha agora para Isaque, homem feito
Apenas os dois, e aquela casa sem o toque feminino
Sem cores, sem alegria
Os empregados fazendo o possível
Arrumando, limpando, cozinhando, mas...
A casa, definitivamente, não é mais a mesma
Abraão se convence disso
Para ele, a vida perdeu a graça
Vai ser assim, até o derradeiro dia

Mas e Isaque? Pensa Abraão
Lembra-se dos bons tempos da casa cheia
Sara e suas criadas, bolos e biscoitos
Comida cheirosa, tudo feito caprichosamente
Abraão não se contém mais
Chama o seu mais antigo empregado
Conta-lhe o seu desejo
E o servo se põe a viajar
Vai em busca de uma esposa para Isaque
Atrás ficam pai e filho na expectativa
As palavras de Abraão ao sem empregado são graves:
“O Senhor, Deus do céu enviará o seu anjo
Que te há de preceder, e tomarás de lá esposa para meu filho”

O pai Abraão muito idoso
Quieto num canto, fica alí
sentado no banco do alpendre da casa
Onde costumava conversar horas a fio com Sara
Relembrando tantas coisas nas muitas viagens
Agora caminha pouco
Já Isaque não consegue ficar quieto
Sai para o campo, vai meditar

Como gosta de fazer isso ao final do dia
Orar, caminhar e meditar
E o coração batendo apressado, ansioso
Querendo divisar, lá distante, na curva da estrada
Aquela que deveria ser a amada
Presente de Deus

Alça o olhar e vê no reflexo dos últimos raios de sol
Emoldurando a paisagem
Primeiramente a poeira que se levanta
E, maravilhosamente, assentada sobre o dorso de um camelo
A escolhida, o amor que chega, a alegria que começa a voltar

Isaque segue apressado ao encontro
Olhando atentamente, vê emocionado, o lindo quadro
O velho mordomo que vai chegando, e ao seu lado...
Quem é esta?
O encontro é maravilhoso, Isaque parece não acreditar
Até que enfim...
O amor chegou!
Apontada pelo dedo de Deus, veio de longe
Pura, rosto coberto pelo véu, silenciosa
Ouve o relato do empregado ao seu noivo

“Ele amou; assim, foi Isaque consolado, depois da morte de sua mãe”
Afirma o escritor de Gênesis
Rebeca foi o amor que consolou Isaque
Amor especial de tamanha doação
Foi capaz de trazer a alegria de volta ao lar de Abraão

E que noite de núpcias!
Isaque e Rebeca no mesmo ninho de amor de Sara e Abraão
O tempo de viver o grande amor chegou
Amor que rejuvenesce
Que trás de volta o brilho no olhar
Que faz bem a todos ao redor
Emergindo como caudal de vida
Impregnando tudo de um aroma de felicidade
Consolando, secando as lágrimas
Afagando a vida, a alma, o coração

O velho Abraão, assentado no canto do banco no alpendre
A vista curta, escutando pouco, calado
Apenas um tímido sorriso, no velho rosto
E uma idéia que estremece o peito:
Uma nova terra
Sem mais chegadas e partidas
Uma mansão, um novo lar
A cabeça inclina sobre o peito
O velho patriarca dorme e sonha o mesmo sonho:
Mãos dadas com Sara, caminhando nas ruas de uma cidade
Entoando a eterna canção do Amor Maior
A canção do grande amor de Deus